segunda-feira, 14 de março de 2005

Xanadu

Durante o primeiro ano como um estudante em Harvard, Theodor Holm Nelson começou a implementar o sistema que conteve o esboço básico do que se tornaria Projeto Xanadu: um processador de textos capaz de armazenar múltiplas versões e exibir as diferenças entre elas. Embora ele não tenha completado esta implementação, o modelo do sistema demonstrou o suficiente para inspirar interesse em outros.

Em cima desta idéia básica, Nelson desejou facilitar a escrita não seqüencial, onde o usuário pudesse escolher o próprio caminho por um documento eletrônico. Ele contribui com esta idéia em um artigo para a ACM em 1965, chamando a idéia nova de “lista fechada”(zippered list). Estas listas fechadas permitiriam a combinação de pedaços de documentos para formar outros documentos, uma idéia que depois ele se referiria como transclusion(tem a capacidade de que documentos incluam partes de outros documentos por referência). Em 1967, enquanto trabalhava para Harcourt, Brace nomeou a idéia dele como Xanadu, em honra ao poema Kubla Khan por Samuel Alfaiate Coleridge.

Ted Nelson publicou suas idéias visionárias em 1974 no livro “Computer Lib/Dream Machines” e em 1981 “Literary Machines”. “Computer Lib/Dream Machines” foram escritos de uma forma não seqüencial: é uma compilação dos pensamentos aleatórios de Nelson sobre computação, entre outros tópicos. “Computer Lib” contém os pensamentos de Nelson em tópicos que o enfureceram, “Dream Machines” discute as esperanças dele pelo potencial de computadores ajudarem as artes.

Em 1972, Cal Daniels completou a primeira versão demonstrativa do software Xanadu em um computador que Nelson tinha alugado para esse propósito, entretanto Nelson logo ficou sem dinheiro. Em 1974, com o advento da rede de computadores, Nelson revisou os pensamentos dele sobre Xanadu em uma fonte centralizada de informação que ele titulou como "docuverse."

No verão de 1979, Nelson conduziu o mais recente grupo de seus seguidores, Roger Gregory, Mark Miller e Stuart Greene, para Swarthmore. Em uma casa alugada por Gregory, eles “hashed out” (rasgaram - jogaram fora) as idéias sobre o Xanadu; mas ao término do verão o grupo se dividiu em caminhos diferentes. Miller e Gregory criaram um sistema de endereçamento baseado em números infinitos “transfinite numbers” que se chama “tumblers”, que permitiria indicar qualquer parte de um arquivo para ser referenciada.

O grupo continuou o seu trabalho, quase a ponto de falência. Em 1983, porém, Nelson conheceu o John Walker, fundador da Autodesk, em uma conferência para as pessoas mencionadas em “Steven Levy’s Hackers” e o grupo começou a trabalhar no Xanadu com o apoio financeiro da Autodesk.

Enquanto na Autodesk, o grupo, conduzido por Gregory, completou uma versão do software, escrita na linguagem de programação C, entretanto o software não funcionou como eles desejavam. Porém, esta versão do Xanadu foi demonstrada prosperamente na “the Hacker's Conference” e gerou um considerável interesse. Então um grupo mais novo de programadores, contratados pela Xérox PARC, usando os problemas deste software como justificativa para reescrever o software em Smalltalk. Isto dividiu o grupo efetivamente em duas facções, e a decisão para reescrever pôs um prazo final imposto pela Autodesk, fora do alcance do time. Em agosto de 1992, a Autodesk renunciou ao grupo Xanadu se agrupou ao que se tornou o “Xanadu Operating Company” na qual se esforçou devido a conflitos internos e falta de investimento.

Charles S. Smith, o fundador de uma companhia chamado Memex (o nome do sistema de hipertexto projetado por Vannevar Bush), contratou muitos dos programadores da Xanadu e licenciou a tecnologia do Xanadu, entretanto logo a Memex enfrentou dificuldades financeiras, e os programadores não pagos partiram levando os computadores com eles. (Os programadores eram pagos eventualmente.) Por volta deste tempo, Tim Berners-Lee estava desenvolvendo a World Wide Web.

Nelson liberou o código fonte do Xanadu como Projeto Udanax em 1998, na esperança que as técnicas e algoritmos usados poderiam ajudar destruir algumas patentes de software.

Muitos dos Projetos “Xandus’s” propuseram outras características e acharam seus caminhos em outros sistemas de hipertexto, inclusive o World Wide Web e o sistemas de WikiWiki. Embora fugindo do escopo proposto por Nelson, “transclusion” é utilizada na web. O elemento de IFRAME do HTML permite que uma página web seja incluída dentro de outras páginas, agregadores de RSS provêem uma combinação web que chama consistentemente artigos de vários locais.

O projeto Xanadu contém muitas idéias complexas como a “transclusion” que permite que um documento tenha parte de outro documento desde que exista uma ligação ao documento completo. Para isso o Xanadu utiliza bancos de dados complicados que são difíceis de manter. O Xanadu também apresenta problemas de direitos autorais, pois partes do sistema não foram pagas de forma adequada aos programadores. Outro grande problema do projeto Xanadu é que ele ainda continua incompleto. O Xanadu permanece um pedaço obscuro da história da computação.

1 Comments:

Blogger Ahyalla Riceli said...

Esse post me ajudou muuuito.

Obrigada!

7 de novembro de 2008 às 01:43  

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